FORD CORCEL II (1978 –
1986)
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Começarei contando um pouco sobre o saudoso Ford Corcel II,
mas acredito que alguns devem ter se perguntado: porque logo sobre ele? Com
tantos outros carros que se adéquam a proposta? Porque não começou com o Corcel
I? Etc. Vou lhes contar a razão (foi uma das razões para criar este blog), pouco
tempo atrás tive a oportunidade de ver bem de perto um belo exemplar do ano de
1978, veículo este tirado zero km em São Paulo pela pessoa com a qual tive o
prazer de conhecer. Comecei especular
um pouco sobre o carro, essa pessoa (uma senhora) me disse que era a única dona
do belo Corcel II cor bege, o mesmo ainda está original: pintura, motor, etc.,
seu interior ainda conta com uma peculiaridade, sua dona colocou capa nos
bancos desde que o comprou, ou seja, está como zero. Como bom apreciador de
carros antigos, não poderia deixar de fazer a “clássica” pergunta: Você pensa
em um dia vende-lo?
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A resposta foi mais do que óbvia: um belo não! O que é claro
que não me surpreendeu (ela possui o veículo por mais de três décadas!), essa
senhora não ira se desfazer dele fácil. Mas o que realmente me surpreendeu foi
o fato de ela me dizer que já teve várias propostas de pessoas realmente
interessadas pela compra do carro. Isso me chamou a atenção pelo fato do Ford
Corcel II não ser um veículo muito procurado entre os colecionadores, pelo
menos não era antigamente... É exatamente neste ponto que eu queria chegar: o
antigomobilismo está passando por mudanças.
Mas este fato é mais do que comum, sempre acontece neste
meio de que falamos, faz parte da “vida de um carro”! O que dificulta na
preservação destes determinados automóveis é que muitas pessoas ainda não sabem
ao menos diferenciar carros antigos de carros velhos, vou tentar resumir cada
etapa que eles passam: hoje eles são novos (lançamentos), amanhã são comuns
pelas ruas (seminovos), depois se tornam mais acessíveis e, consequentemente a
grande maioria passa a ser utilizada com mais rigor, ou seja, aqueles os quais vemos que já estão um tanto quanto judiados (velhos), e por fim conseguem chegar na última etapa de
suas vidas, tornar-se carros de
exposições (antigos), ou seja, carros preservados de colecionadores e/ou
pessoas que apreciam os mesmos , mas é claro grande parte não conseguem passar
pela penúltima fase, a maioria “morrem
como carros velhos”, devido principalmente a grandes provas que são submetidos
quando estão mais velhos e se tornam “veículos
de serviço”, tais como carro de pintor, eletricista, encanador, marceneiro,
etc., ou de pessoas que tem a capacidade de dizer: “Vou andar com esse carro até ele acabar!” E infelizmente é o que
realmente acontece, os desmanches e os ferro velhos estão aí para mostrar que isso não é
mentira, estão abarrotados de carros que tiveram este triste fim...
Mas vamos ao que interessa, ou melhor, o que foi proposto:
falar sobre o Ford Corcel II.
FORD CORCEL II
A Ford com o passar dos anos da década de setenta, viu que um
de seus maiores trunfos (o Corcel I) já estava aparentemente um tanto quanto
ultrapassado pela forte concorrência (o lançamento VW Passat em 1974 foi um
desses), então a montadora americana viu que estava na hora de mudanças, lançando
então o seu “novo modelo” no final de 1977 já como modelo 78.
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As mudanças foram
bem significativas, trazendo novo design (que apresentava um coeficiente
aerodinâmico melhorado) bem como a tão desejada economia de combustível, o
mesmo foi um dos pioneiros a virem com a opção de motor movido a álcool, mas
foi no final de 1979 que houve uma mudança que atraiu mais compradores: o troca
do motor 1.4 para o conhecido 1.6,
trazendo um aumento de 28 cavalos (62 contra 90cv), porém o que realmente deu o
título de carro econômico foi o novo cambio agora de 5 marchas que ajudava a
lhe proporcionar uma maior autonomia (a Ford dizia que ele fazia 17km/l e
autonomia de 869km!), devemos levar em consideração que estávamos passando por
uma crise de petróleo.
Duas opções de motores em 1979: o motor 1.4 ou o novo 1.6
Com o passar dos anos o Corcel II ganhou a companhia da
Pampa e também da Belina, os mesmos derivavam de seu modelo, e logo fizeram sucesso pois o mercado ainda estava carente por modelos em
seus segmentos.
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A Ford consegui abocanhar dois segmento carentes: o de picapes leves...
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.... e também o de stations wagon, que vinham cada vez mais sendo procurados.
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Em 1981, a Ford lança o Del Rey, que partilhava praticamente
do mesmo desenho, porém com o teto mais elevado bem como uma traseira
reestilizada. A dianteira de ambos eram semelhantes, mas foi em 1985 que a Ford
adotou a mesma grade do Del Rey para a linha Corcel, perdendo então a denominação
“II”. Com o surgimento do Escort em 1984, bem como o crescimento das vendas do
seu parceiro Del Rey, ele se despediu do público em 1986, com mais de 1 milhão e trezentas mil de unidades vendidas.
O último Ford Corcel
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A última série especial: a Astro em 1986
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O Ford Corcel número 1 milhão, o mesmo ainda venderia quase mais 300 mil até o final de sua linha.
Já as suas derivações foram incorporadas a linha Del Rey,
ficando um tempo maior no mercado, a Belina durou até 1991, dando espaço para a
sua substituta no segmento a Ford Royale no ano seguinte. Já a Pampa foi mais
além ficando até 1997, quando finalmente surgiu alguém para substituí-la, a
Ford Courier, chegou a receber injeção de combustível somente em seu último ano
de produção.
...bem como a Pampa, já quase no final de sua carreira.
Durante sua vida, o Corcel II teve diversas versões, as mais
conhecidas eram a de entrada a “L”, bem como a mais luxuosa denominada “LDO” (herdada
da linha Galaxie/Landau), mas também existiu neste meio versões pouco
conhecidas como a GT, GL, GLX, HOBBY, a série “Os Campeões”, todas elas não possuíam
grande procura, fazendo delas hoje itens raros.
Versões do Ford Corcel II:
Ford Corcel L, o mais vendido.
Corcel LDO...
...o mais luxuoso da série.
Corcel II GL, a versão intermediária entre a L e a LDO.
Corcel II GT, versão esportiva do modelo que...
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... seguia a mesma receita...
...da versão anterior GT XP.
Ford Corcel HOBBY era voltada ao público jovem, uma versão mais despojada (e barata) do GT...
...onde cromos foram substituídos pela pintura preta porém possuía itens do mesmo e, tinha como principal concorrente o VW Passat Surf.
A série do Corcel II denominada "Campeões" foi uma homenagem feita para o GP Brasil de Fórmula 1...
...isso em 1983 pela Ford que fornecia motores para a equipe da Lótus na época, essa versão especial ...
...foi feita em cima do Corcel II LDO, ele vinha com diversos itens de série, na cor preta com frisos e rodas douradas em homenagem a Lótus...
...e segundo a Ford, os pilotos o testaram durante o GP.
Bom, como a proposta é mostrar os novos carros antigos, o Ford Corcel II sem dúvidas faz parte deles,
basta olhar pelas ruas e ver se encontra algum em boas condições, então fica
claro que logo ele se tornara raro. Foi e ainda é um ótimo carro e merece o
título de carro antigo, o direito de aparecer com maior frequência em encontros
e também receber a placa preta (caso cumpra as exigências), é algo um tanto difícil
de ver um exemplar desses com ela.
Logo mais estarei publicando sobre outros novos carros antigos, que merecem ter
sua memória resgatada bem como o direito de figurar neste meio automotivo que
só tende a crescer com o passar tempo.